Posts

Só a vacina impedirá a volta da pólio

Fonte: Jornal O Povo, 14/08/2022 O POVO publicou no último dia 8 que, em Fortaleza, seis de cada dez crianças não estão imunizadas para a pólio, cuja administração é garantida pelo Sistema Único de Saúdo (SUS) dentro da vacinação infantil de rotina. Os números no Estado (52,68% vacinadas) e no País (46,88%) também preocupam, apesar […]

05.12.22 - 03H48 Por danieloiticica

Fonte: Jornal O Povo, 14/08/2022

O POVO publicou no último dia 8 que, em Fortaleza, seis de cada dez crianças não estão imunizadas para a pólio, cuja administração é garantida pelo Sistema Único de Saúdo (SUS) dentro da vacinação infantil de rotina. Os números no Estado (52,68% vacinadas) e no País (46,88%) também preocupam, apesar de estarem mais altos.

A erradicação de doenças outrora mortais é o maior atestado da eficácia de vacinas. Nenhum negacionismo deveria afetar o fato de que a varíola humana, que chegou a matar 4 milhões de pessoas por ano, não apresenta novos registros no mundo inteiro desde 1977.

No Brasil, a trajetória da poliomielite, também conhecida como pólio ou paralisia infantil, é semelhante. Doença devastadora e com surtos frequentes nos verões a todo ano, a enfermidade não tem novo registro no País desde 1989. A razão do sumiço é uma só: a vacinação. O problema é que o percentual de crianças imunizadas cai de ano a ano e o risco de reintrodução do vírus aumenta a cada temporada.

O POVO publicou no último dia 8 que, em Fortaleza, seis de cada dez crianças não estão imunizadas para a pólio, cuja administração é garantida pelo Sistema Único de Saúdo (SUS) dentro da vacinação infantil de rotina. Os números no Estado (52,68% vacinadas) e no País (46,88%) também preocupam, apesar de estarem mais altos.

A meta de cada campanha de vacinação contra pólio é a mesma: 95% de crianças imunizadas. Fortaleza ficou abaixo do objetivo em 2021, com 73,23%, mas havia atingido o número em sete dos oito anos anteriores. O Ceará superou a meta até 2018, mas vê os percentuais caírem constantemente a cada ano. O Brasil não supera o percentual desejado desde 2015. Os dados são preocupantes.

As razões principais para isso são duas, segundo especialistas. A primeira é que a geração atual de pais não tem a dimensão da gravidade da poliomielite, já que são mais de 30 anos sem qualquer registro no Brasil. Não viram morte, não viram pessoas com sequelas motores graves e irreversíveis, não viram crianças presas a respiradores diante de uma doença totalmente evitável pela vacina.

A segunda razão é o avanço do negativismo vacinal, adensada durante a crise da Covid-19, que se iniciou em 2020, mas cujo primeiro imunizante ficou disponível no Brasil em 2021. Tal qual com o coronavírus, a negação da Ciência no caso da pólio pode deixar a próxima geração sob risco de morte.

O Brasil tem o maior programa de vacinação pública e gratuita do mundo. É o país mais bem equipado para evitar o ressurgimento de doenças mortais. O relaxamento na imunização já permitiu, em 2018, o retorno do sarampo. Em 2016, a nação havia recebido certificado da Organização Pan Americana de Saúde (Opas), atestando a erradicação da doença.

A pólio parece um fantasma do passado. A vacina permitiu que assim fosse. É uma doença que não foi totalmente erradicada do mundo. E, em julho, houve até o primeiro registro de caso nos Estados Unidos desde 2013. O risco é real. 

Notícias Relacionadas